Escutas telefônicas revelam como os golpistas da máfia dos vestibulares de medicina agenciavam os candidatos e como eles comemoravam o pagamento
Novos trechos de escutas telefônicas disponibilizados pela Polícia Civil revelam como atuavam os suspeitos de aplicarem fraudes nos vestibulares de medicina, em 11 instituições de ensino superior dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Agora, você vai saber como a quadrilha agenciava os candidatos e como eles comemoravam o fácil dinheiro obtido com a fraude.
Em um novo trecho, em que a nossa equipe teve acesso, duas mulheres conversam sobre o esquema. Para a Polícia Civil, a quadrilha fazia um leilão para a venda de vagas dentro da faculdade de medicina da Unig, no estado do Rio de Janeiro. Em muitos casos, os pais dos candidatos também sabiam da fraude.
Golpista 1: tava um leilão lá minha filha. Um leilão louco
Golpista 2: tava quanto?
Golpista 1: tava saindo por 120 (mil) lá de dentro, mas na sexta-feira, lá dentro com os homens, tava indo à 90 (mil) pra pagar antecipado.
Golpista 1: mas os três alunos que eu tinha marcela, não pagam antecipado, entendeu? Já perderam dinheiro
Golpista 1: resultado. Eu peguei e expus para os pais. Falei que era 120 (mil), que era mais barato. Eu não ia perdeu dinheiro também né marcela. 80 (mil) lá dentro, eu iria cobrar pelo menos uns 40 (sua parte no esquema). Os pais preferiram pagar 150 (mil), pra pagar na quarta-feira.
Golpista 1:e eu peguei e ainda falei para os pais: vocês pegam o avião, vem pra cá, que eu levo vocês lá dentro, vocês pagam na mão. É tanto lá e o resto é meu.
Em outra escuta, Azenclever Eduardo Rogério, de 39 anos, um dos suspeitos de integrar a quadrilha, comemora o recebimento de 10 mil reais. Ele é suspeito de ser um dos agenciadores de clientes para o grupo que fraudava os vestibulares.
Azenclever: faz um… Faz um… Um… Faz, faz
Risos…
Azenclever: aiaiaiaiai… Eu tenho que contar irmã. Irmãzinha, seu irmão “preto”, acabou de pegar…
Golpista: R$ 10.000
Azenclever: R$ 10.000
Risos…
Azenclever: eu vou falar um negócio com você viu.
Risos…
Golpista: nós vamos gastar tudo
Azenclever: já até troquei pneu, transferi. Fiquei tudo por conta antes.
Golpista: já tá gastando né? No final do mês não tem mais nada.
Azenclever: oh, tem demais, né? Agora é só brotar, só brotar.
Azenclever: eu vou falar com você viu. Nunca ganhei esse dinheiro, mais fácil desse jeito não. Sentado.
Golpista: ah, o homem se pegar você vai… Risos
Azenclever: o bom é que o cara ficou… O cliente ficou satisfeito. O que importa é a satisfação do cliente.
Risos
Azenclever: quer fazer final do ano também.
Azenclever: tô aqui, tô aqui uai
Golpista: e ele quer o que no final do ano
Azenclever: todos os business né.
Azenclever é fisioterapeuta, mas em julho deste ano, ele já havia sido preso na região de Carangola, onde atuava como médico em um hospital.
Azenclever usava o CRM de um médico do rio de janeiro e estava na atividade há dois anos. Ele cursava medicina no Centro Universitário de Caratinga.
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